Propriedade da família Hintze Marçal, este lagar transformou durante anos a azeitona em azeite, tendo deixado de laborar com regularidade na década de sessenta, cessando qualquer atividade na década de setenta.

A 13 de setembro de 2001, foi doado pelo seu proprietário Manuel Marçal à Junta de Freguesia de Póvoa de Penela, a fim de ser usado ao serviço da comunidade. Respeitando esse propósito, realizaram-se obras visando a recuperação do edifício (foto em baixo à esquerda), mantendo a sua estrutura arquitetónica, e o restauro dos seus engenhos.

História por um fio...

Os dias de grande azáfama no lagar dos Hintze Marçal começavam próximos do dia de Santa Luzia, a 13 de dezembro, e iam até ao mês de fevereiro ou março.

O transporte da azeitona até ao lagar era feito em sacos de lona, carregados por burros, cavalos ou por machos e após o seu descarregamento, procedia-se à medição do fruto recolhido. Após a medição das azeitonas despejavam-se no pio do moinho (foto em cima, à esquerda) para se proceder à sua moagem ou moenda. Seguia-se a retirada da massa de azeitona do pio para umas pequenas gamelas de ferro, com o auxílio de uma pá. O dono da azeitona ficava responsável pelo transporte das gamelas para a zona da prensa (foto de topo), para se proceder ao enchimento de seis seiras por parte de dois azinheiros.

Ao fim de um dia de trabalho a azenha produzia cerca de 200 litros de azeite, valor que atualmente, num lagar de linha direta pode ser alcançado numa hora.

Associada a toda esta azáfama laboral ficaram também alguns petiscos, simples mas decerto muito saborosos, em que o “líquido de ouro” marcava presença obrigatória, sendo um dos principais a “tiborna”.

O Núcleo Museológico do lagar de azeite de Póvoa de Penela reflete um conjunto de memórias, de costumes, de práticas económicas e de saberes ancestrais de todo um povo que, com muito trabalho e perseverança, soube moldar este território entre a Beira e o Douro.

Exposição fotográfica