Traços Judaicos

A Póvoa de Penela é terra de Fé. Desde cedo, por estes chãos duros, os homens trouxeram o alimento da alma, as suas crenças espirituais que, da antiguidade, se sabe tão pouco. Desde o aparecimento da paróquia de Santa Margarida, talvez pelo alvor do século XIV, que estes homens e mulheres sempre procuraram a paz e a justiça aliás valores dessa crença cristã em amar o próximo. O manto da história da Póvoa de Penela mostra os retalhos de vidas árduas, de sacrifícios, sem máculas. E, quando pelos finais do século XV, chegaram pelos caminhos poeirentos gente de credo judaico, vinda das bandas de Espanha, aqueles que assim o entenderam estabeleceram as suas vidas.
Não sabemos quantos ficaram. Nem sabemos se já por cá haveria alguma família judia, antes de alcançarem estas terras os refugiados vindos do nascente. Mas, ainda existe na Póvoa de Penela uma pequena casa que faz parte da herança que essas comunidades judaicas deixaram entre nós. É uma pequena e simples morada, situada na rua da Cancela, que ainda exibe no vão do seu portal, no lado direito, uma curiosa inscrição onde se percebem, além de caracteres, uma tesoura que sugere evidentemente o mester de alfaiate. No seu interior esconde um pequeno altar. Também subsiste, numa propriedade, o topónimo do Cerro do Judeu, que invoca o seu antigo proprietário. E, sobretudo, ainda permanecem entre nós hábitos e costumes antigos que ficaram e se mantém hoje em dia, após terem passado séculos sobre a sua partida.